sábado, 26 de outubro de 2013
Pequena notável
Cecília era uma baianinha de Itacaré, formada em turismo e mestranda em história da arte sacra. Nos recebeu no complexo do Museu da Misericórdia com um sorriso tímido e um pedido de desculpas: fotos são proibidas, mesmo sem flash, e não poderíamos visitar a Igreja, porque estava sendo decorada para um casamento. Putz, que droga! Em seguida, passou a guiar pelas dependências do museu um grupo visivelmente contrariado: será que não seria mais correto nos avisar, antes de pagarmos o ingresso, desse contratempo? No final, descobriríamos que não. Cecília não poupou conhecimento, simpatia, bom humor e boas histórias que, afinal, é o que todos viemos buscar. Ela não tinha o tom monocórdico dos guias pasteurizados que se encontram nesses locais. Sua condução segura do grupo - ela percebeu o desconforto! - conquistou a todos. Quebrou a segurança e, ainda que rapidamente, atravessamos a nave principal da igreja, já lindamente decorada. Nos levou até o balcão do coro, de onde deslumbramos toda a beleza do templo, estranhamente decorado com várias referências maçônicas... Cecília nos informou ainda que o casamento referido no início era uma das formas de sobrevivência da instituição: os pombinhos em questão haviam desembolsado vinte e seis mil reais só para utilizar o local. No final, ainda fomos brindados com o ensaio de um músico em seu piano de cauda, preparando-se para o casório. A mulherada do grupo derretia, e não era de calor... um sonho feminino!
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