Nosso último dia em Salvador nos reservou uma caminhada
pela orla, apreciando a paisagem e curtindo as últimas horas na capital baiana.
À hora do almoço, um restaurante agradável - o Barravento - nos serviu a última
refeição na cidade: um prosaico filé de pescada amarela com molho de camarão. Prosaico
é o escambau: aquilo tinha um sabor indescritível! Não resisti e fui até a
cozinha conhecer quem tinha produzido aquela maravilha.
Chef Amaro nasceu numa família
humilde no interior da Bahia, filho de D. Carlota, uma mulher que, segundo ele,
tornava uma iguaria até areia de rio. Incentivado pela mãe, desde cedo
interessou-se pela cozinha. O estímulo dela tinha sempre um fundamento: as
pessoas podem deixar de fazer tudo, menos comer. Se souber cozinhar bem, jamais vai passar fome. Nunca fez outra coisa na vida. Depois de cinquenta anos de
trabalho, Amaro ainda tem prazer em entrar na cozinha. Com a bagagem de quem já
correu o mundo trabalhando em transatlânticos, proclama: não existe nada igual
ao cheiro da cozinha baiana. Axé, chef Amaro!
domingo, 27 de outubro de 2013
O cara.
Todo mundo gosta de ser bem atendido, tratado com respeito e dedicação. Quando as pessoas se esforçam para fazer isso, são diferenciadas. Mas quando fazem isso naturalmente, é admirável. Conhecemos uma pessoa assim na nossa viagem a Salvador: Alessandro Brito, ou simplesmente Alex, como gostava de ser chamado. Nosso guia - contratado pela CVC - é apaixonado pelo seu trabalho, um estudioso da história do Brasil e da Bahia em particular. Fala com desenvoltura, se empolga com as próprias narrativas, se emociona com os acontecimentos que descreve. É gentil, amável e preocupado com o bem estar de todos. E como se não bastasse, é bem humorado e está sempre com um sorriso de dentes inteiros. Poucas pessoas sabem sorrir assim: exige autenticidade e segurança para rir até de si mesmo. Naqueles momentos em que a seriedade do assunto se fazia necessária, Alex trocava o sorriso pela firmeza, pela acidez e - algumas vezes - quase indignação. Alex nasceu para fazer o que faz. Ele foi o cara da nossa viagem.
sábado, 26 de outubro de 2013
Pequena notável
Cecília era uma baianinha de Itacaré, formada em turismo e mestranda em história da arte sacra. Nos recebeu no complexo do Museu da Misericórdia com um sorriso tímido e um pedido de desculpas: fotos são proibidas, mesmo sem flash, e não poderíamos visitar a Igreja, porque estava sendo decorada para um casamento. Putz, que droga! Em seguida, passou a guiar pelas dependências do museu um grupo visivelmente contrariado: será que não seria mais correto nos avisar, antes de pagarmos o ingresso, desse contratempo? No final, descobriríamos que não. Cecília não poupou conhecimento, simpatia, bom humor e boas histórias que, afinal, é o que todos viemos buscar. Ela não tinha o tom monocórdico dos guias pasteurizados que se encontram nesses locais. Sua condução segura do grupo - ela percebeu o desconforto! - conquistou a todos. Quebrou a segurança e, ainda que rapidamente, atravessamos a nave principal da igreja, já lindamente decorada. Nos levou até o balcão do coro, de onde deslumbramos toda a beleza do templo, estranhamente decorado com várias referências maçônicas... Cecília nos informou ainda que o casamento referido no início era uma das formas de sobrevivência da instituição: os pombinhos em questão haviam desembolsado vinte e seis mil reais só para utilizar o local. No final, ainda fomos brindados com o ensaio de um músico em seu piano de cauda, preparando-se para o casório. A mulherada do grupo derretia, e não era de calor... um sonho feminino!
Santa Casa - Misericórdia!
A Santa Casa de Misericórdia da Bahia não tem esse nome à toa. Ali se iniciou a história da saúde pública no Brasil, com atendimento a todas as pessoas doentes da comunidade. Sua história se confunde com a própria história do Brasil, porque foi inaugurada em 1549, logo depois do descobrimento. A instituição tem origem na católica portuguesa, embora não seja diretamente subordinada à Igreja. Hoje o conjunto arquitetônico inclui além da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia - de beleza singular - dependências para assistência social, sacristia, claustro, a bela sala do Consistório e o Museu da Misericórdia. Neste museu está retratada a história do hospital, com registros históricos de sua evolução e procedimentos. Apresenta também uma réplica da Roda dos Expostos, que ficava instalada nos muros da irmandade, onde as pessoas rejeitavam bebês que eram cuidados e dados à adoção pela instituição. Por fim, uma exposição artística de tirar o fôlego: as 14 Misericórdias. Obras em pintura e escultura que merecem uma reflexão pela escolha dos temas e pelo seu significado.
Sofrer injúrias... |
- Castigar com caridade aos que erram, de Calasans Neto
- Consular os tristes, de Caetano Dias
- Curar os enfermos, de Juarez Paraíso
- Dar de beber aos sedentos, de Maria Adair
- Dar pousada aos peregrinos, de Sérgio Rabinovitz
- Ensinar aos simples, de Luíza Olivetto
- Perdoar a quem errou, de Grace Gradin
- Sofrer as injúrias com paciência, de Bel Borba
- Vestir os nus, de Mário Cravo Jr
- Dar bons conselhos, de Carmem Penido
- Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos, de Christian Cravo
- Remir os cativos e visitar os presos, de Juracy Dórea
- Dar de comer aos famintos, de Eliana Kertész
- Sepultar os mortos, de Cesar Romero
- Nossa Senhora da Misericórdia, de Tatti Moreno
- Nossa Senhora da Piedade, de Sérgio Ferro
- Consular os tristes, de Caetano Dias
- Curar os enfermos, de Juarez Paraíso
- Dar de beber aos sedentos, de Maria Adair
- Dar pousada aos peregrinos, de Sérgio Rabinovitz
- Ensinar aos simples, de Luíza Olivetto
- Perdoar a quem errou, de Grace Gradin
- Sofrer as injúrias com paciência, de Bel Borba
- Vestir os nus, de Mário Cravo Jr
- Dar bons conselhos, de Carmem Penido
- Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos, de Christian Cravo
- Remir os cativos e visitar os presos, de Juracy Dórea
- Dar de comer aos famintos, de Eliana Kertész
- Sepultar os mortos, de Cesar Romero
- Nossa Senhora da Misericórdia, de Tatti Moreno
- Nossa Senhora da Piedade, de Sérgio Ferro
O Brasil é aqui.
Elefante branco |
Salvador, uma das sedes da Copa das
Confederações 2013 e da Copa do Mundo 2014 tem metrô. Ele ainda não circula
pela cidade, também não tem prazo para fazê-lo. Com mais de 7km de extensão, a obra está parada há uma década. Seu trajeto elevado pela cidade é um exemplo de
desperdício de dinheiro.
Estádio Itaipava Fonte Nova |
Ao seu lado, foi erguido o novo
Estádio Itaipava, que deve ter consumido muito mais dinheiro que o necessário
para terminar o metrô. Salvador é linda, mas aqui também é Brasil.
Agradável companhia
Renata (à esq.) e Natália: pura diversão |
Viagens são ocasiões propícias para
conhecermos pessoas, estabelecer novas relações e espraiar nossas amizades. Foi
assim que conhecemos Natália e Renata. A primeira vai cursar música na
Universidade Federal da Bahia, chegando de Araçatuba/SP. Renata é catarinense,
jornalista e proprietária de uma produtora de vídeo no Rio de Janeiro.
Por sua vez a falante Clara e a risonha Adriane são pura energia: eram parceiras para tudo a toda hora. Como moram perto de nós, novos encontros deverão recordar os bons momentos.
Todas foram figuras divertidas e encantadoras, que valeram um bom papo e uma companhia agradável durante nosso tour por Salvador.
Clara (à esq.) e Adriane: mais momentos virão |
Todas foram figuras divertidas e encantadoras, que valeram um bom papo e uma companhia agradável durante nosso tour por Salvador.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
As Meninas do Brasil
Todo mundo conhece Salvador, ou pelo menos reconhece seus principais pontos turísticos: Mercado Modelo, Elevador Lacerda, Igreja do Bonfim, etc. Mas a arte desta cidade está em coisas muito mais singelas, simples e surpreendentes do que aquelas dos cartões postais. Um exemplo: as Meninas do Brasil. Tudo é diferente, tamanho, cor e textura. Nem nas posições elas se repetem. Em comum, mesmo, só as formas arredondadas. Braços, pernas, bochechas cheios de curvas e volume. São assim as famosas gordinhas da artista plástica Eliana Kértsz. São três peças em bronze. Cada uma tem quase quatro metros de altura e pesa uma tonelada e meia. Ficaram conhecidas como As gordinhas de Ondina. Há mais de oito anos elas chamam a atenção de quem passa pela Avenida Ademar de Barros, na orla de Salvador. Mas pouca gente sabe o que elas significam. Damiana representa os negros, Mariana, homenageia os brancos. A terceira é Catarina, e representa a comunidade indígena que ajudou formar o povo brasileiro. Com tanta beleza e história, difícil não se encantar com estas figuras. Rechonchudas e cheias de sensualidade.
Arte urbana
Expressões de arte por toda a parte |
Tamanho: grande
Memorial Irmã Dulce: visita obrigatória |
Existem lugares e pessoas que
conhecemos quando viajamos que recebem uma referência especial: dizemos que valeu
a viagem. Com certeza, conhecer a história da vida e da obra de Irmã Dulce foi
dessas coisas que valem atravessar o país. Sua humildade, sua grandeza e o
tamanho de sua realização parecem coisas impossíveis para a pequena franzina de 1,48m, com tão poucos
recursos, que começou acolhendo pobres e doentes em um galinheiro do Convento Santo Antônio. Hoje, as Obras Sociais Irmã Dulce abrangem seis
creches, uma escola e um hospital com mais de mil leitos e mantém vivo e válido
todo o esforço daquela que os baianos chamam de Mãe dos Pobres e Doentes.
Soteropolitanos
Todo mundo tem o baiano como um povo
descansado. Na realidade eles são um povo desencucado, sem estresse e de bem com a vida. As
coisas vão dar certo, na hora certa. Então, basta esperar, né?
À propósito do nosso título, soteropolitano é o gentílico utilizado para o indivíduo que nasce em Salvador, na Bahia.
Romeros Britos
Tá certo que ele é uma personalidade
baiana, conhecido mundo afora pela sua arte, um Caetano Veloso dos pincéis. Mas
daí a reproduzir descaradamente suas obras - não em papel, mas em telas! -
parece um pouco demais. Metade das bancas do Mercado Modelo tem essas para
vender. Romero Brito deve estar rico só com os direitos autorais...
Vendendo encanto
Viagens, mais do que lugares, são
oportunidades para conhecer pessoas. Gente simples, que cativa e diverte.
Jessica, a vendedora do Mercado Modelo, era uma menina tímida de sorriso
contido, mas com uma educação e um jeito meigo que encanta a todos.
Estrela guia
Mara: um nome apropriado... |
Salvador tem um serviço de ônibus
turístico para um tour pela cidade. Usamos esse serviço em Paris e Londres, e
nos apaixonamos. Quando resolvemos utilizar no Rio de Janeiro foi um desastre.
Não desistimos e decidimos testá-lo na capital baiana. Uma grata revelação:
serviço perfeito, com atendimento bilíngue, horários respeitados (sim, baianos
cumprem horários...), um valor justo e um equipamento adequado: um ônibus doble
deck com a parte superior aberta e uma cobertura de lona providencialmente estendida,
protegendo os turistas do tórrido sol baiano. Paradas estratégicas, com tempos
de visitação civilizados, pessoal atencioso e a possibilidade de ficar nos
lugares e pegar o próximo ônibus, se quisermos ficar mais tempo visitando
determinado ponto. Nossa guia, Mara, foi fantástica!
Contrastes
Ao lado do Mercado Modelo... |
...um modelo de descaso! |
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Sede...
Tô com sede, e daí? |
Chegando...
O piloto do voo 3198 da TAM esqueceu o lugar onde deveria pousar no Rio de Janeiro. Quando tocou o solo, para parar aquela encrenca, quase fez um cavalo-de-pau com o avião. Pelo sim, pelo não, quando decolamos para Salvador havia outro piloto no lugar dele. Fiquei tão triste... Um suave pouso em Salvador e uma receptivo chamada Rosa nos aguardava... com uma máquina de cartão de crédito na mão! Oh, não, vai começar de novo!
Vamos lá!
Lá vamos nós... |
domingo, 20 de outubro de 2013
Vai partir - parte... sei lá que número!
Compromissos transversais - o principal deles conosco - vai nos levar a Salvador da Bahia de Todos os Santos! Uma estadia singela, de poucos dias, para visitar mais um local que vai receber a Copa 2014. Aproveitando a ocasião, não deixaremos de conhecer o que é que a baiana tem, além de vatapá, caruru e o Olodum. Se nos serve de consolo, o voo não tem conexão, apenas uma escala. E a vantagem de ganharmos uma hora a mais, porque lá não tem horário de verão. Desta vez vou amarrar fitinhas do Senhor do Bonfim pelo corpo todo, só por precaução! Vai que apareça outra moto no meu caminho? Viagem ok, tudo reservado, hora de detalhar o roteiro. Tio Google, onde está você???
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